Quem somos nós

Ela ama ela e escreve sobre ela e sobre o que vier na mente. Ela é a razão, a razão de viver. Ela é a emoção, a emoção que pulsa nas veias. Ela não vive sem ela, que sempre pensa nela. Ela completa ela e acaba que ela e ela desfrutam do mesmo amor.

Este é um espaço para escrevermos textos, contos, poemas, crônicas e posts pessoais, sobre os mais variados temas, sendo homossexualidade o maior deles, direta ou indiretamente. * Nem todos os textos escritos em 1ª pessoa são verídicos ou autobiográficos.

Arquivos

julho 2008
agosto 2008
setembro 2008
outubro 2008
dezembro 2008
janeiro 2009

Blogs favoritos

Meticulosamente
Recanto dos Versos
Casa da Fabula
Blog da Martha Medeiros
Contos Interditos
Queer Girls
Oráculo de Lesbos
Fazendo Estrelas
Mulheres de Cueca
Lesbosfera
Fim do Túnel
O filho que eu quero ter...
O Guia Gay
Calcinhas no Box
Poesias Bey Cerqueira
[Diários de Bordo] Isa Zeta
Alice's Adventures in Lesboland
Vou te contar...
2 ponto 5
Intimidade
Imagine me and you
Alucinação Hipogênica
E quem é que sabe?
Alê Lobo
Antena Paralésbica
Bloglog Jean Wyllys
Várias Vertentes
Querida Bolacha
Na ponta dos dedos
Começou com um beijo - o retorno
Eu e eu mesma
Causa da morte: Overdose de mim

Links

Uva na Vulva
ABGLT
Não Homofobia
Universo Mix
Dykerama
Athos GLS
Xana in Box
Gay1
Mix Brasil
Te dou um dado?

Visitas

Você é o visitante número

Créditos

[x], [x], [x], [x], [x].

Blog feito e desenvolvido por nós. Todos os direitos reservados. Qualquer dúvida contate-nos.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Descobertas, decepções, amores - Parte I


Victor rodava sua taça de vinho, saboreando o odor maravilhoso daquele vinho francês. Ele estava em um restaurante que ele costumava frequentar com Jean. Ah, como era bom estar com ele. Victor sentou, se lembrando da sua vida de 6 meses atrás, até aquele momento.
Victor e Jean eram amigos. Se conheceram no trabalho, e tiveram uma ótima afinidade. Saíam juntos, bebiam juntos, se tornaram amigos de verdade. Victor tinha uma ótima relação com a família, tinha dinheiro, um bom cargo no trabalho, saía e pegava quantas mulheres ele quisesse. Morava sozinho, e gastava boa parte do seu dinheiro em coisas supérfluas. Nunca se apaixonou. Era um heterossexual convicto. Nunca duvidou de sua orientação sexual. Jean fugiu de casa aos 15 anos, fazendo com que ele nunca mais falasse com ninguém de sua família. Conseguiu empregos fracos, até que fez um curso e conseguiu entrar na empresa que Victor trabalhava. Ele era gay, mas não havia se assumido no trabalho, nem pro Victor. Jean não gostava de relações sérias, devido à decepções que teve com alguns homens. Já se apaixonou perdidamente por alguns, e sofreu tanto, que pensou em suicídio.
A amizade deles se fortalecia cada vez mais. Eles conversavam sobre tudo. Se abriam, choravam, desabafavam. Mas mesmo assim Jean não contou de sua orientação sexual, achando que Victor não aceitaria. O tempo foi passando, e o que não deveria acontecer, aconteceu: Jean passou a gostar de Victor. E aí, já não teria mais como esconder. Um dia eles estavam no banheiro, conversando sobre coisas do trabalho, e Jean resolveu contar.
- Não aguento mais o Roberto. Ele não pára de me mandar fazer coisas. Acha que sou empregado dele. Estou ficando cansado disso. Estou pensando em me despedir. - Disse Victor lavando as mãos.
- Victor, preciso falar com você. - Disse Jean encostado na pia, olhando para baixo.
- O que houve? - Perguntou Victor olhando pra ele.
- É muito difícil. Espero que você saiba encarar isso.
- Independente do que for, somos amigos, e eu sou adulto. Vou saber encarar.
- Eu sou gay, Victor. E isso não é o pior. Estou começando a gostar de você. - Disse ainda olhando para baixo.
Victor arregalou os olhos. Continuou olhando para Jean. Engoliu em seco. Não sabia o que falar.
- Uau, por essa eu não esperava.
- Desculpa falar isso, mas estava me incomodando. Se não quiser mais falar comigo, entenderei. - Disse Jean saindo do banheiro.
- Não, espera aí. - Disse Victor puxando ele. - É claro que não vou parar de falar com você.
- Que bom.
- Olha... É só que... Eu não curto, sabe. Eu nunca tive experiência com homem, e sei lá.
- Não estou falando pra você ter.
- Ah, sim. Claro. - Pigarreou.
- Mas usando como base o que você falou... Se você nunca teve experiência com homem, como saber se você não curte?
- Bom, eu simplesmente... - Victor parou, pensativo, e ficou olhando para a porta. - Não sei, eu gosto de mulher. Nunca parei pra prestar atenção em homem.
- Tudo bem, eu entendo. Já fico muito feliz de você não ser homofóbico. Pra mim é o que precisa. - Disse Jean saindo do banheiro.
- Ei, espera. E quanto... a você gostar de mim? Não quero que você sofra.
- Não vou sofrer. Vou simplesmente lidar com isso. Relaxa. - Forçou um sorriso.
Jean saiu do banheiro. Victor viu ele ir embora. Faltava duas horas para o trabalho acabar, mas ele pediu pro chefe para sair mais cedo. Estava confuso. O chefe fez cara ruim, mas liberou-o.
Victor chegou em casa e deitou em seu sofá. Ficou confuso pensando no que aconteceu no banheiro. Ele teoricamente teria uma reação estranha, mas não teve. Ele não sabia no que pensar. E estranhamente, ele estava pensando nos olhos de Jean, no sorriso falso dele... Bateu na cara. O que é isso? Ele estava pensando em Jean de outra forma. Jogou água gelada no rosto e se olhou no espelho. 'O que está acontecendo comigo?'. Ligou para Jean.
- Você pode vir aqui pra casa? - Perguntou Victor, sem pensar no que estava fazendo.
- Tem certeza?
- Sim. Você está ocupado?
- Não, não estou fazendo nada.
- Então venha, estou esperando.
Desligaram o telefone. Victor pôs a mão na boca. Por um momento ele não conseguia pensar em nada, a não ser em Jean e no que ele disse. Ficou olhando para o nada por um tempo, e Jean tocou a campainha.
- Oi. - Disse Victor.
- Oi, que que aconteceu?
- Senta aí.
Sentaram. Victor chegou perto.
- Olha, eu não sei o que aconteceu comigo, mas me senti estranho desde a nossa conversa.
- Me desculpe. Não era a intenção.
- Não, tudo bem. Não é uma sensação ruim, só não sei o que é.
- Hmmm...
- Eu sempre fui heterossexual. Não posso ser gay. Não é isso.
- Talvez seja...
- Não, eu não sei, realmente. Nem sei porque te chamei aqui.
Jean chegou mais perto dele. Pegou na mão de Victor. Victor não sabia se soltava a mão ou não. Mas deixou a mão lá.
- Me desculpe se te confundi. - Disse Jean chegando cada vez mais perto.
- Eu... Não.. Você.. Não.. Confundiu? - Victor engolia em seco.
Jean estava a centímetros da boca de Victor. Ele conseguia sentir a respiração ofegante de Victor em cima da boca dele. Passou a mão nos peitos de Victor e o beijou. Se deitaram no sofá, ainda se beijando. Victor não estava conseguindo pensar nada. Ele só queria mais, muito mais. Fizeram sexo ali mesmo, no sofá. Um sexo quente, delicioso e duradouro. Sexo oral, anal, guerra de espadas. Passaram-se duas horas, e eles nem perceberam. Dormiram abraçados.
Jean acordou 3 horas depois e viu Victor ao seu lado, abraçado com ele. Jean pôs a mão na cabeça e pensou 'o que estou fazendo?'. Ficou olhando para Victor, e logo ele acordou. Olhou para Jean e ficou envergonhado.
- Nossa... O que aconteceu aqui? - Perguntou Victor.
- É, eu não sei, mas foi bem intenso.
- Eu não deveria fazer isso. - Disse Victor andando rapidamente para seu quarto e vestindo uma roupa.
- Eu acho que você não faria isso à toa.
- Não. Foi você que colocou coisa na minha cabeça.
- Não pus nada e não te forcei a nada. Você foi porque quis. Não ponha a culpa em mim - Disse Jean se levantando e pondo a roupa.
- Não estou pondo! Não disse isso... Eu simplesmente não sei.
Jean ficou parado olhando para ele, sem saber o que fazer.
- Acho melhor você ir embora agora... - Disse Victor olhando para a janela.
- Tudo bem. Me ligue, ok.
Victor fez que sim com a cabeça. Jean saiu.
Victor sentou no sofá, pôs as mãos na cabeça e tentou pensar no que aconteceu. Era sexta-feira, e ele achava bom que não teria que ver Jean nos próximos dois dias. Mas ele não sabia se queria isso. Ele realmente estava muito confuso e não sabia porquê. Resolveu dormir.
Acordou no dia seguinte e chorou. A cabeça dele estava com um mix de pensamentos que o rodeavam sem parar. Ele pensou em ligar para Jean, mas não sabia ao certo porquê. Ele estava sentindo algo muito estranho. Algo que ele sentiria naturalmente por uma mulher. Algo que ele já havia sentido antes. Seu coração acelerou.

Eu e ela ás 12:19,



terça-feira, 14 de outubro de 2008

PLC 122/2006 - HOMOFOBIA É CRIME!


*PARTICIPEM DO ABAIXO ASSINADO:

http://www.abglt.org.br/port/ecamp01.php

http://www.naohomofobia.com.br


A partir de pesquisas que revelaram dados alarmantes da homofobia no Brasil, a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), juntamente com mais de 200 organizações afiliadas, espalhadas por todo o país, desenvolveram o Projeto de Lei 5003/2001 (agora Projeto de Lei da Câmara Nº 122/2006 para aprovação no Senado), que "define os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero". Seja solidário, assinando o abaixo assinado e enviando-a para os parlamentares.

-> O número de assassinatos de homossexuais no Brasil aumentou 27%
-> Em média 3 adolescentes homossexuais se matam por dia, motivados por pressões e violência, verbais e físicas, em ambiente familiar, na escola, ou em sua comunidade.
-> A cada 2 dias um homossexual é assassinado no Brasil.


É mais do que óbvio que essa lei tem que ser aprovada. Preconceito é um crime. Não se pode discriminar pessoas diferentes de você. Ainda mais com violência! Quem tem preconceito deve ser punido, e deve ser punido já.
Está na Declaração dos Direitos Humanos que todo ser humano tem o direito de ser livre!
Nessa hora nós temos que lutar pelos nossos direitos. Temos que nos juntar e ter orgulho de quem nós somos, e não nos deixarmos intimidar por essas pessoas que querem acabar com a gente. Somos iguais a esses homofóbicos. Temos carne, osso, sentimentos. Devemos ser tratados iguais. E devemos ter direitos a nosso favor. Imagine se fossemos nós que agredissemos um heterossexual. Como o mundo reagiria? Aliás, e se o mundo trocasse de papel? E se os héteros fossem os discriminados da sociedade? Será que eles iam gostar dessa repressão que nós sofremos? Acho que não. Não pedimos nada além de respeito e bom senso. São as palavras-chave para que tudo ocorra bem.
Diga não à violência! Diga não à falta de respeito! Diga não à Homofobia!
Diga sim à liberdade de escolha! Diga sim ao respeito ao próximo! Diga sim à diversidade sexual!
Diga SIM à aprovação da lei PLC 122/2006!
Não é tudo que precisamos, mas já é meio caminho andado. Temos que lutar, e não desistir. Não podemos nos render. Cada pouquinho que conseguirmos em nosso favor, já é um belo avanço.

Eu e ela ás 13:41,



segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Notícias


09/10/2008: Justiça de Pernambuco concede adoção inédita no país a casal gay.
O juiz da 2ª Vara da Infância da Capital, Élio Braz, concedeu a um casal homossexual do Rio Grande do Norte, o direito conjunto à adoção de duas crianças.

13/10/2008: Ex-BBB's fazem beijo gay para campanha contra homofobia.
A cena foi protagonizada em preto e branco por Thalita Lippi e Bianca Jahara para uma campanha criada pela travesti e atriz Renata Finsk.

13/10/2008: Suprema Corte de Connecticut aprova direitos de casais gays.
A Suprema Corte de Connecticut aprovou nesta sexta-feira os direitos de gays se casarem. O Estado agora é o terceiro nos Estados Unidos a conceder todos os benefícios do casamento aos gays, além da Califórnia e Massachussets.

18/09/2008: Lula defende união gay.
Em entrevista na quarta-feira, dia 27/9, à TV Brasil, o presidente Lula defendeu a união civil entre homossexuais e a adoção de crianças por casais do mesmo sexo. Em alguns trechos do discurso, Lula fala sobre o preconceito e destaca a hipocrisia.

18/09/2008: Brad Pitt doa 100 mil dólares para manter o casamento gay na Califórnia.
Brad Pitt doou 100 mil dólares para manter o casamento gay na Califórnia. Conservadores reuniram assinaturas para introduzir a "Proposição 8", um referendo que será realizado no dia 4 de novembro para proibir a lei que entrou em vigor em junho deste ano.

13/10/2008: Metrô e ônibus de NY exibirão fotos de gays idosos
O metrô e os ônibus da cidade de Nova York exibirão em breve fotos de lésbicas e gays idosos. A iniciativa é da ONG SAGE, que investiu 350 mil dólares na campanha.

09/10/2008: Ator doa 50 mil dólares contra projeto que pretende proibir união gay na Califórnia
O George do Grey's Anatomy, T.R. knight, doou US$ 50 mil contra a chamada Proposição 8, que quer proibir o casamento gay na Califórnia.

28/09/2008: Eventos sobre turismo LGBT no Brasil e Exterior
A IGLTA( A Associação Internacional de Turismo Gay e Lésbico) promoverá um seminário e um painel de debate para discutir o turismo LGBT dia 17 de outubro na Polônia. O tópico do evento será “Turismo gay: o setor em maior crescimento na indústria do turismo”. Entre os temas discutidos estão a definição do mercado LGBT e a EuroPride 2010.

Eu e ela ás 20:02,



sábado, 11 de outubro de 2008

(Não à) Solidão


Não concordo com a solidão. Não acredito que seja um meio de fuga. Pra mim, querer ser sozinho, é querer ser o contrário do que deveria ser. Ninguém nasceu pra ser sozinho. Se fosse assim, ninguém se conheceria. Por que será que as pessoas se relacionam com outras? Porque é pra ser assim. Todos têm sentimentos, desejos, vontades, anseios, preocupações. Não tem como satisfazer todas essas coisas sem um auxílio, uma companhia, uma pessoa amiga, alguém que você possa conversar, desabafar, rir, chorar, amar, odiar. E quando falo de companhia, não falo de companhia com Deus. Eu acredito em Deus, quem me conhece sabe. Sou kardecista, e bem religiosa. Mas quem disser que vive melhor com Deus do que junto de outras pessoas, está enganado. Isso é ou ilusão, ou vontade de enganar a si mesmo e a outros. Pra mim solidão está diretamente relacionado com tristeza, depressão, choro, angústia. Talvez para alguns, seja sinônimo de coisas boas. Mas eu não concordo. Acho que tudo bem, talvez um tempo para reflexão, alguns minutos, alguns dias, talvez. Mas se passar muito tempo, já começo a ficar agoniada. Já começo a necessitar do calor humano, da força dada pelas pessoas que se importam, pelos braços abertos para quando precisar.

Outra coisa que dizem muito é 'minha melhor companhia sou eu mesmo'. Não, não é. E sabe por que não é? Por várias particularidades. Porém, como cada um é cada um, só falarei o geral. O fato é que você vai conversar com quem? Consigo mesmo? Com quem vai viver experiências? Com quem você vai fazer coisas que necessitam duas ou mais pessoas? Com quem você vai ser feliz? Consigo mesmo? Isso é mentira. Se uma pessoa só convivesse consigo mesmo durante toda a vida, ela só iria conhecer seus próprios defeitos, qualidades, pensamentos e idéias. Não ia conhecer novos meios de encarar a vida, novas possibilidades, novos pensamentos, novas idéias. As pessoas dispõem disso. E é por isso que sempre há pessoas aparecendo na vida de cada um. Todos são diferentes de todos, o que é maravilhoso. Não é bom conhecer gente diferente de você? Eu acho magnífico.

Aí vem um dos maiores assuntos: amor. O amor nos eleva a um nível que nem imaginaríamos que existia. O amor nos fazer voar, sorrir, valorizar coisas pequenas, mudar nosso jeito. E isso por causa de quem? De outra pessoa. Como seria capaz de isso acontecer, sem ter outra pessoa envolvida? Esse sentimento maravilhoso não pode ser desperdiçado. O amor-próprio (que, claro, não vou negar, é o mais importante) não tem essa capacidade tão grande de fazer o que o amor de outra pessoa,e sentido pela outra pessoa, faz. Todos que já amaram, sabem do que eu falo. O amor é algo belo e indefinível. Todos que não amaram, pode saber que vão amar. Um dia, o amor nos encontra. Não tem como fugir ou se enganar. E desculpe, mas amar a natureza, amar as pedras, amar um objeto, não é a mesma coisa que amar alguém.

Uma das desculpas para procurarem a solidão, é a decepção. Pelo fato de ter se decepcionado ou magoado com alguém, faz com que essa pessoa ache que o mundo inteiro a decepcionará por igual, ou pior ainda. Acha que o mundo conspira contra ela, passa a duvidar da existência de Deus, e passa a duvidar de todos, até da mãe. Se enfurna dentro de casa e fica dias comendo porcaria e assistindo filmes clichês heterossexuais românticos. Aí, quando finalmente resolve sair de casa, anda no meio da rua, cai uma lata de tinta na sua cabeça, pisa em uma casa de banana, escorrega, cai em cima de um skate, o skate te leva pro meio da rua, onde você cai e quase é atropelada. Aí você pensa 'meu Deus, por que eu?', e desiste da vida. É aí em que a pessoa pensa que nunca mais encontrará ninguém que a faça feliz, e pensa na solidão. Isso é errado. Pense bem. São em média, 6 bilhões de pessoas no mundo. UMA te decepcionou. Olha o leque de pessoas totalmente diferentes que se encontra no mundo. Esse ou essa babaca que te decepcionou, com certeza não serve como padrão de pessoa que você deve conviver. Fora que, a vida é feita de decepções. Nem tudo é perfeito. Cada errinho, cada passo em falso, cada pessoa errada, serve para alguma coisa na sua vida. E não se pode desistir assim também. É erguer a cabeça, e não deixar a solidão ser nem uma opção.

Eu e ela ás 17:07,



quinta-feira, 9 de outubro de 2008


Não estamos aqui para fazer isso ou aquilo. Estamos aqui para viver. Meu coração me guia e eu o sigo. Meu sábio coração que não sabia que o amor era tão mais forte que eu consigo sustentar. Capturou-me de forma avassaladora. Sim, aquele amor quente e clichê. Aquele que as pessoas dotadas de um coração latente um dia sonharam ou sonharão. Não sei explicar. Posso tentar? Sei que não sou capaz disso... Não conheço palavras suficientes para tal. Talvez com a ajuda de um dicionário conseguirei. É aquilo que chega e fica em você. É um segredo escondido sob pele. É o mais secreto deles. Não chega a ser obscuro, mas é perigoso. É fácil de se perder e difícil de se encontrar. É um pecado sagrado. Não é errado, não é certo. Não tem um motivo específico ou geral. É indescritível, incolor, inodoro, insípido. É preciso ter precaução e conhecer a sabedoria do coração. Nem tudo tem um motivo, como eles dizem. É o que nem magia, ciência e filosofia explicam. É o sobrenatural. É o que os surdos não ouvem, os cegos não vêem. É a linguagem dos sinais, é braile. Porém, não existe uma linguagem do coração. Nunca compreenderei o que ele me diz, nunca compreenderei sua genuína sabedoria. Da mesma forma que nunca compreenderei o que esse amor quer de mim.

Eu e ela ás 15:26,



sábado, 4 de outubro de 2008

Adeus


Sento na cadeira de balanço. Ouço apenas o som do vento lá fora, e o estalar das madeiras da minha casa. Sinto o frio que aqui predomina. Sinto tristeza, angústia, dor, arrependimento e alívio. Tristeza por perder minha amada. Angústia por não tê-la mais comigo. Dor por estar sozinha. Arrependimento por não ter valorizado. Alívio por saber que ela está em um lugar melhor do que aqui, com essa ingrata. Me reclinei na cadeira. Peguei sua fotografia. Ela sorria pra mim. Parecia que a fotografia se mexia, e ela dizia algo como 'não se sinta mal'. Aconteceu há 5 meses, mas lembro como se fosse ontem. 12 anos juntas. No começo, era um amor invejável. Todos nos idolatravam, e se surpreendiam com tal sentimento. Mesmo sendo um relacionamento homossexual, conseguiam ver além. Conseguiam ver algo além do fato de duas pessoas do mesmo sexo. Eles, incrivelmente, viam o amor. Puro, verdadeiro e... Eterno. Não. Não foi. Era essa a promessas que fazíamos quando fomos morar juntas. O eterno. Considerávamos que era pra sempre. Achávamos que tudo seria igual nós projetávamos. Mas não foi. O tempo foi passando, o amadurecimento faltando, e o relacionamento começava a desandar. Nós quase nos separamos logo no início, mas ela foi mais forte e passou por cima dos nossos problemas. Deu milhares de passos na minha frente, ficando a quilômetros de distância do meu amadurecimento. Me senti incapaz e humilhada. Eu ainda era uma criança. 20 anos na cara, e eu não tinha me tocado que estava em um namoro. E não era um namoro considerado comum. Eu achava que não estava preparada. E, realmente, eu não estava. Mas o amor me cegou, nos cegou. Eu achei que seria capaz de manter viva e saudável nossa relação. Porém, quanto mais eu tentava, mais merda eu fazia. Eu tentava algo certo, mas fazia o oposto. Com isso, eu a decepcionava. Eu não aceitava seu jeito, suas manias, suas inconstâncias. Ela sempre fez de tudo por mim, e sempre aceitou as coisas calada. Eu continuava lutando, errando, e raras vezes, acertando. Ela ia aguentando, e eu me acomodando. Chegou em um ponto onde não dava mais pra ela. Nos separamos. E foi aí que comprovei que 'as pessoas só dão valor quando perdem'. Descobri isso a duras penas. Mas foi necessário. Eu não merecia uma mulher tão boa. Achei que conseguiria ser racional e pensar no melhor pra ela. Mas não. Meu coração batia mais forte. Minha mente só se voltava pra ela. Passou uma semana. De duro sofrimento. Pensei em tirar minha própria vida. De que valia eu viver, se não estava com ela? Percebi então, que minha vida só teria sentido com meu amor. Sim, nunca gostei de dependência, mas eu não podia fazer nada. A ausência dela já me machucava tanto, que mesmo se ela não me aceitasse de volta, não faria muita diferença. Liguei para ela. Fiz juras de amor (sinceras). Ela, obviamente, não aceitou de primeira. Mas eu não iria desistir. Liguei milhares de vezes, fiz loucuras de amor, me expus ao mundo. Expus meu amor. Eu estava prestes a subir em uma torre bem alta e gritar 'meu amor, volte pra mim'. Mas não precisou chegar a tal ponto. Um dia estava eu em meu apartamento, de moletom, chorando minhas angústias e comendo chocolate loucamente, em um dia chuvoso lá fora. Quando de repente, ela chegou toda molhada e chorando, dizendo que também não aguentava mais viver sem mim. Choramos, nos abraçamos, beijamos, nos amamos. Voltou a ser aquele amor invejável. Mas por pouco tempo. Ela voltou, mas claro, que não com tanta paciência. O tempo tinha passado, a idade também. Ela já tinha amadurecido bem mais, e eu ainda estava parada no tempo. Não consegui evitar que se tornasse o que aconteceu antes. Pelo contrário. Eu fiquei mais egoísta e nojenta. E eu não percebia isso. Achava que não fazia nada de errado. Eu tinha a ilusão de que nosso relacionamento era perfeito. Ela fingia que estava tudo bem, e eu acreditava. Ela me amava, eu a amava. Porém, não servíamos pra ficar juntas. Eu não era merecedora desse amor. Percebi isso quando um dia acordei e não a vi do meu lado. Pensei que ela talvez estivesse na cozinha ou no banheiro, mas não. Gritei seu nome. Nessa hora, eu já estava chorando. Sentei no canto da sala escura, abaixei a cabeça e chorei. Ergui os olhos inundados de lágrimas, e vi uma carta em cima da mesa de jantar. Estava escrito 'Adeus'. Fui correndo pegar a carta.
"Meu amor, estou indo. Não pense que voltarei. Não pense que não te amo. Não pense que nosso relacionamento foi falso. Eu te amo, e nunca deixarei de amar. Porém, essa vida não funciona mais pra mim. Só eu faço o papel de namorada aqui. Só eu que cedo, sofro, faço de tudo por você. E você não sabe fazer nada por mim. Nem mesmo retribuir. Não ache que foi sua culpa. Foi simplesmente o fato de que eu preciso seguir com minha vida, e você com a sua. Eu estava empacando seu jeito de ser. Você tem um ritmo diferente de amadurecimento, mais lento que o meu, e eu não sei regredir. E você não soube progredir. Foram 12 anos. Eu sempre te motivando a crescer, e você não queria. Se acomodou com todos os luxos do amor que eu te dei. Novamente, digo que não foi sua culpa. Talvez até tenha sido minha. Eu te sufoquei com tudo que te dava. Você, claro, aproveitou. Mas hoje, temos 32 anos, e estamos aqui, sem futuro. Nosso relacionamento não passaria daqui. Eu estava sofrendo, mas tentava ignorar isso. Eu pensava mais em você do que em mim. Mas agora não dá mais. Preciso me valorizar. Lembre-se, querida. Eu estarei longe, mas seu rosto sempre estará nos meus pensamentos. Os momentos bons serão lembrados. Os ruins serão esquecidos. Sempre lembrarei de você com todo o amor. Não se esqueça disso. E não tente me procurar. Estou mudando de país. Preciso renovar. Eu espero que você tenha uma vida realmente muito boa. Você merece. Adeus."
Joguei a carta no chão e levei as mãos à boca. Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Desperdicei uma vida perfeita com uma pessoa perfeita. Eu não conseguia nem pensar. Eu acabei com provavelmente a melhor oportunidade da minha vida. Meu coração apertou. Eu achava que não conseguiria viver. Mas, eu precisava lembrar dela durante toda minha vida. Eu precisava disso. Seria ao menos uma memória boa. Eu poderia morrer sozinha e nunca me relacionar com mais ninguém. Mas, ao menos, eu teria aquela bela mulher em minha mente. Aquela mulher que me fez despertar o sentimento mais nobre. Aquela mulher que fez de tudo por mim. Aquela mulher que eu não valorizei. Agora sim eu amadureceria. Tive que vê-la partir. A vida nos prega coisas desse tipo. Tive que perdê-la pra aprender a viver. E hoje estou aqui. Mudei de casa. Mudei de vida. E ela? Espero que esteja muito feliz. Ela merece. E ela? Estará sempre em mim, no meu corpo, nos meus pensamentos. Nunca a esquecerei.

Eu e ela ás 13:23,